domingo, 12 de maio de 2013

Até...



Tenho lido muito sobre espiritismo, estudado os livros, frequentado o centro, feito evangelho no lar e tudo que posso para me fortalecer. Tenho evoluído consideravelmente, deixando de lado algumas características que não gostava, aprimorando algumas qualidades e tentando me desfazer de alguns defeitos. Tenho me tornado uma mulher melhor, mas nesses dias, em que a vida me mostra o quanto é frágil, me pergunto o que fazer com essa tristeza que invade ao sentir que estamos perdendo alguém. 
Um alguém insubstituível, necessário, especial, que me cuidou, me pôs para dormir, fez meu café da manhã inúmeras vezes, assistiu televisão comigo, me ensinou tanto sobre a vida e sobre como viver. Me ensinou a gostar de Roberto Carlos e ao chorar todo fim de ano com seus especiais. Me ensinou a ser paciente, a ser mais delicada, fina e educada. Vem me mostrando o que é coragem, vontade e força para permanecer numa vida que quase nada mais traz de felicidade. 
Alguém que eu chamo de vó, mas poderia muito bem chamar de mãe. E nesse momento sinto algo indescritível, mas bom, por saber que tive tantas mães. A mãe primeira, que me pôs ao mundo. As mães avós que ajudaram essa mãe primeira a cuidar para que nada me faltasse. As mães tias que ajudaram em todo esse processo difícil que foi a minha infância. E uma delas tá querendo ir embora. Tá de mudança. Tá se despedindo de alguma maneira. 
Quando meu avô desencarnou, eu tinha só 9 anos. Hoje tenho quase 29 e sei que lidar com a morte talvez não seja algo tão tranquilo ainda, mesmo sabendo que essa vida é uma prisão e que, muitas vezes, a alma é bem mais feliz livre, principalmente quando o corpo físico não suporta mais. Sei que seu tempo tá curto minha rainha... curto demais para o que eu ainda gostaria de viver ao seu lado... sei que a qualquer momento poderemos receber uma notícia triste sobre a sua partida. São tantos problemas, tantas doenças, tantos sinais de que não dá mais. 
Sei que a sua ausência será um fardo pesado para carregar, mas o farei. O farei como fiz com todos os outros fardos da minha vida. Ficarei amiga dessa dor vó e me lembrarei apenas de todos os momentos absurdamente felizes que passei ao seu lado. Não, isso não é uma despedida. Eu sei que nós nunca diremos adeus. Isso também não é um sinal de fraqueza, nem de desistência. Isso é só uma tentativa de aceitar. Aceitar os fatos como eles são. 
E dure o tempo que durar, e tenhamos o tempo que Deus ainda quiser. Eu queria muito poder pedir a Ele que esse tempo se traduzisse em muitos anos, mas sei que não tenho esse direito. Isso também não é falta de fé. É apenas um desabafo de alguém que procura nas palavras um modo de lidar com as tristezas desse mundo. E não importa quantos abraços daremos nessa vida. Sei que eles serão eternos. Te amo profundamente Dona Cida.