quarta-feira, 5 de setembro de 2012

SIM, EU SOU SUPERFICIAL




É, de certa forma devo concordar que sou superficial. Principalmente se me comparar com aqueles que têm a sua essência em poços profundos. Não é o meu caso. Minha essência realmente está na superfície, à flor da pele, ala Zeca Baleiro. É palpável, visível, quase transparente. Transborda da retina, do couro cabeludo, da ponta dos dedos e da língua. Quer ser tocada, sentida, vista. Quer tocar, sentir e ver. É só a ponta do iceberg.
E não tenho mais a intenção de disfarçar minha superficialidade, tentando parecer o que não sou, saber o que não sei, entender do que realmente não entendo. Isso fazia com 15, 20 anos e só o que consegui foram interpretações erradas ao meu respeito, que frustram aqueles que esperam de mim uma profundidade que não existe. Ou até existe, mas está escura, imóvel, guardada. Inacessível para mim, para você, pro mundo, menos para Deus.
É uma questão de contato, ligação, espiritualidade. Não tem nada haver com o real, com questões filosóficas. Nada sei de filosofia, embora faça muita questão de saber. Quando der, se der. E enquanto escrevo percebo que não tenho mais problema de relacionamento com a palavra superficialidade. Estou até conseguindo enxergá-la de um ponto de vista diferente, positivo. Antes dessa proximidade com os 30 eu me sentiria ofendida de ouvir de alguém que meus textos são superficiais. Principalmente vindo de quem me conhece tanto, me entende, me aceita e que gosto infinitamente.
Mas agora, diante da possibilidade e do desarmamento que me proporcionei perante a superficialidade, me sinto tranquila de assumir, acatar, absorver comentários que me abrem os olhos. SIM, EU SOU SUPERFICIAL. E de um jeito que nunca fui antes. Porque antes era uma mentira. Agora me inundo de verdades, quaisquer que sejam, mesmo que elas me dispam na frente de tantos que antes me viam cheia de roupas, máscaras, armaduras.
Essa troca de pele, fechamento de ciclo, esse caminho para os 30 anos, tem me dado a liberdade de SER que nunca tive, embora gritasse a plenos pulmões que não aceitava amarras ou imposições sociais. Mas eu mesma me prendia e me impunha uma Alliny criada. Uma fantasia que vesti por muito tempo e que hoje não me cabe mais. Acho até que nunca coube. E provavelmente vinha daí minha falta de ar constante, o aperto no peito, a postura artificial. MAS AGORA EU QUERO RESPIRAR. E não há nada, nem o risco de ser superficial, que me faça abrir mão da nudez.

2 comentários:

  1. ÓTIMO TEXTO; MUITO BEM ESCRITO; ALEGRO-ME COM TAMANHA SUPERFICIALIDADE - OXALÁ, TODOS FOSSEM TÃO SUPERFICIAIS COMO VOCÊ...

    BEIJO GRANDE, DE SUA ADMIRADORA...

    MARION

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  2. Linda da minha vida, que saudade de você...quando você gosta do texto eu me sinto tão feliz, quase aliviada... mas muito confiante... obrigado.

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