quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Proximidade com o fim do ano... vem chegando um novo ciclo


É fato que ultimamente tenho passado por novas crises. E acredito já ter deixado claro aqui o que penso sobre a produtividade das crises nas nossas vidas, levando em consideração o crescimento que podemos obter se aproveitarmos bem esses momentos. Até disse agora a pouco a uma amiga que para quem conseguiu resolver uma "dupla personalidade" sozinha (como eu), deve se safar de outros conflitos menores sem a necessidade de fazer terapia. O que tá pegando é que talvez eu não queira ou não tenha forças o suficiente para enfrentar sozinha mais uma vez o que me aflige.
Talvez a terapia contribua porque agora, como uma apenas que sou, fica mais complicado estabelecer um diálogo. Mas é tão burocrático, penso eu, ter que se sentar em uma cadeira e olhar pra alguém que nunca me viu antes, achando que esse ser terá todas as soluções para os meus problemas. E nem sei se a palavra certa seria burocrático... é que burocracia lembra uma chatice tão incômoda, que talvez traduza o sentimento de quem se expõe em uma sessão de terapia.
Mas pode ser que tudo isso seja um mero engano, uma vez que nunca fiz terapia, portanto não tenho propriedade nenhuma para falar sobre isso. É só uma sensação, que talvez nem se concretize caso eu tenha a oportunidade de realmente arrumar um terapeuta que me ajude a colocar os pingos nos is, os sentimentos no lugar, os desejos nas caixinhas certas ou fora de qualquer rótulo e conceito já existente. O que me dói no calcanhar é sempre essa confusão que se instala, embora eu venha desenrolando minhas neuras e nós devagarinho. Talvez eu só tenha que ter mais paciência e o resto se arruma. Talvez.
Porém, enquanto as respostas não chegam, me resta ficar aqui, arrancando os cabelos, sentindo cheiro de neurônio queimado de tanto tentar chegar a uma conclusão, tentando entender o que realmente é pra mim, que vai durar, que vai me tirar dos loopings que sempre entro na vida. Deve ser por isso que sempre gostei de montanha russa. Pela similaridade entre mim e ela. Entre as nossas curvas e as sensações que causamos e que nos causam. Entre o medo e o êxtase numa mesma volta. Temos e damos muitas sensações e é essa intensidade, que de vez em quando vem me arrebentando por dentro como uma força monstruosa da natureza, que me deixa assim... sem saber até como finalizar um texto, de tão distante que estou do que tenho e tão presente no que quero tanto e não sei se devo, nem se posso ter.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Aprender a lidar com a saudade


Tinha aproximadamente 20 anos que eu não sabia o que era perder alguém, no sentido de ver essa pessoa dentro de um caixão e sendo colocada debaixo da terra. Sábado, dia 23, minha avó paterna desencarnou. Ela vinha enfrentando uma doença muito difícil: a fibrose pulmonar. Junto com ela, para piorar, também tinha a diabete que atrapalhava a medicação da fibrose e, nos últimos dias, ainda pegou uma pneumonia. Na última semana, já na UTI, seu quadro infeccioso só piorava. No fundo, todo mundo da família já sabia que isso ia acontecer e, cada um a sua maneira, veio se preparando para o dia da despedida.
Mas, por mais que as circunstâncias afirmem que é só uma questão de tempo, se adaptar a chegada da morte é algo extremamente difícil e complexo. Eu fui dizendo para mim mesma que ia ser melhor assim, pelo tanto que vi minha avó sofrer. Desde sempre sabia que quando ela partisse, o sofrimento seria nosso, daqueles que ainda ficaram nessa Terra. Para ela, seria um alívio e pelo amor imenso que sinto, para mim também deveria ser.
De fato, é mais fácil ser egoísta e pedir a Deus para não levá-la. Não ainda. Mas o ainda teria que durar até o ponto de estarmos preparados. Mas, será que alguém consegue realmente ficar preparado para se despedir tão bruscamente de um ente tão querido? É possível praticar de maneira tão intensa o desapego a ponto de se alegrar com essa partida por entender que o outro será mais feliz assim? Eu tentei. Na verdade, estou tentando, me lembrando em todos os momentos dos ensinamentos que recebo da doutrina espírita.
Quando recebi a notícia, estava dormindo. Atendi o telefone de sobressalto, e acabei me sentindo aliviada quando meu pai me contou. Cheguei a sorrir por pensar que ela finalmente tinha parado de sofrer. Mas com o passar do tempo, depois de vê-la na capela do hospital em cima de uma maca, na sala da funerária dentro de um caixão e sendo enterrada, a ficha começou a cair. Só pensava em como poderia lidar com a saudade que vou sentir. E confesso que, um dia depois do ocorrido, saudade é a palavra que mais machuca.
Morte só dói porque vai deixar saudade. Despedida também. Fim de relacionamento, da mesma forma. E é nesse ponto que me pego pensando que o ser humano tem que aprender a lidar é com a saudade, e nada mais. O resto vem de brinde. Mas isso acaba piorando todo o resto, todo o processo. Porque saudade é algo que fere tanto, que fica quase impossível saber como se curar, como esquecer ou como simplesmente não lembrar.
Como não lembrar da paciência ao fazer a minha mamadeira, me colocar pra dormir ajeitando os lençóis de maneira impecável e me deixar apertar a sua orelha até pegar no sono? Como esquecer o melhor feijão que já comi no mundo, com a melhor carne moída e o melhor molho de macarrão feito com nata de leite? Como não pensar nas vezes que assistimos o Especial do Roberto Carlos juntas, chorando ao ouvir ele cantar Detalhes, Emoções e tantas outras canções? Como não lembrar de todos os presentes, em todos os aniversários, do seu cabelo ruivo e depois branco como neve, das unhas sempre bem feitas e das roupas sempre elegantes, mesmo doente.
É impossível esquecer o cheirinho, a delicadeza, a educação, o carinho, os olhares sinceros, as lágrimas ao me contar histórias doloridas, a sabedoria, a paciência, a sinceridade, a fé. É impossível não sentir a garganta fechar e a respiração ficar mais ofegante ao lembrar do seu sorriso de felicidade quando me via, das vezes que sequei seu cabelo, passei creme nas suas pernas quando as forças já faltavam, te ajudei a tomar banho e a passar o tempo dentro dos hospitais frios onde você teve que ser internada. É vó, não sei como vai ser a vida daqui pra frente, só sei que não vai ser nada fácil ir visitar o meu avô e perceber que você não está mais ali.
Só sei que as minhas orações nesse momento são para que você siga seu processo evolutivo e fique em paz. Nós aqui vamos nos adaptar a sua ausência, mas com a certeza de que será sempre triste lembrar de todas as alegrias que passamos do seu lado por saber que, nesse mundo, elas não existirão mais. Porém, existe o consolo de também saber que haverá um reencontro e ele vai trazer de volta toda a paz que você sempre transmitiu. Vou ser eternamente grata a Deus por ter me permitido nascer neta de alguém tão especial e querido como você, que me ensinou a ser uma pessoa melhor em todos os momentos que nos encontramos. Eu te amo dona Maria Aparecida Araújo, imensamente, profundamente e eternamente.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

O que me faz tão bem



Tanto tempo tem que não posto aqui. Confesso que estava com saudades, mas a correria dos dias não tem me deixado tempo, não tem permitido que surja em mim a inspiração para escrever, nem a vontade, pelo cansaço dos trabalhos exaustivos. Na verdade os trabalhos nem são tão exaustivos assim. São, inclusive, extremamente prazerosos, mas ocupam parte importante do meu tempo (praticamente todo ele). Mas como tudo na vida tem um lado positivo, essa ausência me fez perceber que às vezes o que mais nos motiva a viver acaba sendo deixado em segundo plano quando a vida impõe outras maneiras de ser levada, vivida, encarada. E assim eu cresci um pouco mais, em resignação principalmente.
Percebi também que a falta de tempo é uma desculpa cômoda, que te empurra cada vez mais para a sua zona de conforto. E lembrei que a zona de conforto é um lugar perigoso de se viver, mas é quentinho, parece calmo e finge oferecer aquele abrigo que tanto buscamos incessantemente. Pelo menos eu busco, porém com um pouco menos de avidez do que o colocado. E cada vez que me afasto das palavras, noto que elas são o meu verdadeiro abrigo, externo, um meio de ajustar as ideias que ficam transitando na mente, esperando um lugar para se fixar e fazer sentido.
Pretendo não me afastar mais, tão cedo, do que me faz tão bem. Até por uma necessidade ampla de permanecer sã e ter consciência de que escrever é minha grande válvula de escape.

domingo, 12 de maio de 2013

Até...



Tenho lido muito sobre espiritismo, estudado os livros, frequentado o centro, feito evangelho no lar e tudo que posso para me fortalecer. Tenho evoluído consideravelmente, deixando de lado algumas características que não gostava, aprimorando algumas qualidades e tentando me desfazer de alguns defeitos. Tenho me tornado uma mulher melhor, mas nesses dias, em que a vida me mostra o quanto é frágil, me pergunto o que fazer com essa tristeza que invade ao sentir que estamos perdendo alguém. 
Um alguém insubstituível, necessário, especial, que me cuidou, me pôs para dormir, fez meu café da manhã inúmeras vezes, assistiu televisão comigo, me ensinou tanto sobre a vida e sobre como viver. Me ensinou a gostar de Roberto Carlos e ao chorar todo fim de ano com seus especiais. Me ensinou a ser paciente, a ser mais delicada, fina e educada. Vem me mostrando o que é coragem, vontade e força para permanecer numa vida que quase nada mais traz de felicidade. 
Alguém que eu chamo de vó, mas poderia muito bem chamar de mãe. E nesse momento sinto algo indescritível, mas bom, por saber que tive tantas mães. A mãe primeira, que me pôs ao mundo. As mães avós que ajudaram essa mãe primeira a cuidar para que nada me faltasse. As mães tias que ajudaram em todo esse processo difícil que foi a minha infância. E uma delas tá querendo ir embora. Tá de mudança. Tá se despedindo de alguma maneira. 
Quando meu avô desencarnou, eu tinha só 9 anos. Hoje tenho quase 29 e sei que lidar com a morte talvez não seja algo tão tranquilo ainda, mesmo sabendo que essa vida é uma prisão e que, muitas vezes, a alma é bem mais feliz livre, principalmente quando o corpo físico não suporta mais. Sei que seu tempo tá curto minha rainha... curto demais para o que eu ainda gostaria de viver ao seu lado... sei que a qualquer momento poderemos receber uma notícia triste sobre a sua partida. São tantos problemas, tantas doenças, tantos sinais de que não dá mais. 
Sei que a sua ausência será um fardo pesado para carregar, mas o farei. O farei como fiz com todos os outros fardos da minha vida. Ficarei amiga dessa dor vó e me lembrarei apenas de todos os momentos absurdamente felizes que passei ao seu lado. Não, isso não é uma despedida. Eu sei que nós nunca diremos adeus. Isso também não é um sinal de fraqueza, nem de desistência. Isso é só uma tentativa de aceitar. Aceitar os fatos como eles são. 
E dure o tempo que durar, e tenhamos o tempo que Deus ainda quiser. Eu queria muito poder pedir a Ele que esse tempo se traduzisse em muitos anos, mas sei que não tenho esse direito. Isso também não é falta de fé. É apenas um desabafo de alguém que procura nas palavras um modo de lidar com as tristezas desse mundo. E não importa quantos abraços daremos nessa vida. Sei que eles serão eternos. Te amo profundamente Dona Cida.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Um bocado de gente



Eu amo um bocado de gente que não reconhece e muito menos consegue retribuir esse amor. Que é cega demais para notar o próprio egoísmo. Ou que é desumana demais para entender os momentos em que eu preciso de afeto, abraço, colo, e um bocado de carinho maior do que esse bocado de gente. E ontem doeu perceber que esse é o caminho que eu tenho que percorrer. É preciso aprender que não importa se alguém pode ou quer retribuir o amor que você destina a ela. Esse amor deve continuar existindo, crescendo e compreendendo que só é sincero quando não há NENHUM tipo de cobrança.
Mas eu sou um ser humano e na maioria das vezes é difícil demais tentar sentir algo tão puro e limpo. É um processo doloroso, como tantos outros, de muito tormento, decepção, mágoa, raiva, incompreensão e medo. Medo de no fim de tudo ter a certeza (que no fundo já se tem) que é impossível ser feliz sozinho, mas a tristeza não pode ser vivida em grupo. Medo de viver o que, de fato, já estou vivendo: um afastamento coletivo de tantas pessoas importantes, vitais, necessárias para alicerçar os meus dias.
Eu ainda não sei o que vou aprender com isso tudo. Eu não sei onde essa dor vai parar, quando vai parar, se um dia vai parar. Eu não sei quando vou conseguir passar essa etapa, enfrentar esse processo de cabeça erguida e sair dele mais pura e melhor do que entrei. Eu só sei que é preciso, porque não tenho forças ou argumentos para mudar isso, para fingir que nada está acontecendo e que tudo está como era antes. Não está. E é preciso aceitar que nunca mais vai ficar.
Eu já perdi esses abraços, os sorrisos, as ligações intermináveis, o aconchego das palavras, os conselhos e o cheirinho. Eu não sou importante como achei que fosse, nem sou necessária para essas pessoas como elas são na minha vida. Mas hoje vejo que eu nem queria que a importância fosse equivalente. Eu só pedia um pouquinho de atenção de vez em quando. Mas nem isso tenho mais. Eu não tenho nada em troca e mesmo sem nada para alimentar, é incrível como o amor só cresce, ocupando todos os espaços do meu peito, do meu corpo, da minha alma, até o ponto de quase explodir por não caber dentro de mim.
Mas Deus, embora eu reconheça que estou um tantinho mais forte do que era antes, está difícil carregar esse fardo. Meus braços não agüentam. A cabeça está cansada e o coração anda espremido demais, pequenininho, choroso. Eu preciso de ajuda Pai. Eu preciso pegar na sua mão. 

quarta-feira, 13 de março de 2013

Volta logo pro meu colo



A dor da ausência é quase inexplicável.  Saudade é uma palavra que criamos para tentar expor o que se passa por dentro, mas às vezes acho que ela não contempla todo o sentimento. O quanto dói agora é muito mais do que só sentir saudade. Porque só sentir saudade é quase algo bom e definitivamente não há bondade nesse mundo que arranque do meu peito e tire da minha garganta esse aperto que me sufoca e me deixa sem ar. É um sentimento maior que chorar, maior que perder, maior que qualquer distância que possa existir.
É um soluço que não pára com água. É um sorriso que não é, nem de longe, feliz. É uma tosse que não é física. Mas o que é então? É o preço que se paga por se permitir amar tanto alguém, sem condições, interesses, sem motivos, sem esperar nada em troca. É o preço que se paga por dar a sua vida pro outro. Por se preocupar mais com alguém do que consigo mesmo. É o preço que se paga por querer bem demais, mais até do que a capacidade humana (exceto a capacidade materna) consegue querer bem a alguém.
É tudo tão incerto agora. Ontem você tava por aqui, ocupando todos os espaços da casa, deixando seu rastro por onde passava, dando um sorriso ali, uma birra acolá. Hoje é o silêncio que impera e machuca mais os meus ouvidos do que qualquer grito histérico seu. E o que mais me faz sofrer não é o egoísmo de querer a sua presença; é não saber o que se passa com você na sua ausência. É aquela preocupação latente e incessante. É aquela vontade maior que tudo de saber como você está, como vai a sua vida.
Mais uma vez me pego pensando na letra de Roberto Carlos como trilha sonora. Eu preciso saber da sua vida. Peça alguém pra me contar sobre o seu dia. Eu só preciso saber como vai você, se está comendo direito, tomando banho, indo pra escola, assistindo seu desenho favorito. Se alguém está te contando história para dormir, embora você quase nunca tenha dormido comigo. Se alguém está jogando bola com você, embora quase nunca fosse ao meu lado que você jogava. Se alguém está brincando de esconder embaixo do cobertor, embora eu saiba que poucas vezes eu estava ali, do seu lado.
Eu sei que não saiu das minhas entranhas, que não fui eu que gerei, amamentei, dei a luz. E eu sei também que isso faz a maioria das pessoas não entender o meu amor, a minha preocupação, o espaço que você ocupa na minha vida e dentro de mim. Confesso que nem eu entendo direito, que seria mais fácil se você fosse só um parente a mais. Mas o fato é que nunca amei ninguém tanto quanto amo você e a sua ausência é uma dor que eu ainda não estou acostumada. Tantas outras já se tornaram amigas e doem devagar. Dessa eu não sei o que esperar. Talvez espere crescimento e aceitação, porque impotente demais eu sou pra tentar qualquer outra coisa.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Porque boicotamos o amor?



Essa é uma pergunta que tenho me feito muito ultimamente, principalmente depois que percebi o quanto amo alguém que achava que nem amava mais tanto assim. Uma relação que dura muito tempo, passa por muitas fases, de vários jeitos, formas, sentidos, proporções e problemas. E eu namoro há mais de sete anos e meio, o que faz com que a rotina, a monotonia, a falta de novidades seja um peso grande para se carregar.
Em muitos momentos pensei em terminar essa relação, achando que namorar tanto tempo assim era um desperdício de vida. Eu podia trocar esse namoro por festas, “amigos”, ficantes de todas as marcas e modelos. Podia jogar fora esse tempo todo ao lado de alguém por achar que outro tempo melhor estava por vir, outro alguém melhor estava a minha espera, um romance de contos de fadas e de livros de literatura iria acontecer na minha vida.
Tantas vezes vi problemas nela, jogando toda a culpa do “fracasso” nos seus ombros, fingindo que tinha tentado de tudo, que fazia a minha parte, mais até do que podia e que ela não fazia nada para merecer estar ao meu lado. Meu egoísmo, minha cegueira, minha insensatez estavam de um tamanho tão grande, que hoje dói entender que eu podia ter perdido o amor da minha vida por insignificâncias e insignificantes.
Ainda bem que eu tenho sorte, que ela é bem diferente de mim e sabe, muito melhor do que eu, o que quer. A minha guerreira nunca titubeou. Nas minhas loucuras, crises, dramas, estava ao meu lado, me olhando com aquele olhar puro, sincero, honesto e verdadeiro que só ela tem, afirmando com a presença que estava ali esperando eu me recompor. E como esperou. E como sofreu. E como eu fiz mal a alguém que amo mais do que a mim mesma e só depois de tanto tempo pude perceber.
Sete anos e sete meses. Uma vida inteira. Um amor inteiro. Um romance primeiro que hoje entendo, aceito e quero que seja o último. Porque ainda bem que eu abri os olhos. Ainda bem que eu consegui me livrar de mim mesma, daquela parte que me tomava dela, que me tirava do centro, do rumo, do prumo. Ainda bem que organizei tudo dentro de mim e voltei o meu amor pro lugar de onde nunca deveria ter saído: o altar do meu coração e da minha alma.
Hoje, mais do que nunca, mais até do que no primeiro dia, tenho a consciência do quanto a amo, do quanto ela é importante e essencial na minha vida e do quanto eu preciso dela ao meu lado pra ter a minha sanidade. Porque eu sei que “o seu amor me cura de uma loucura qualquer”. E ainda bem que eu descobri isso a tempo de fazer direito, fazer de novo, ser diferente.
Eu não vou mais jogar esse presente que a vida me deu fora, porque não existe outro alguém melhor, outro tempo onde eu seja mais feliz, outro romance que eu queira ler. Percebi que uma vida inteira só é pouco para viver com ela. Eu quero é a minha eternidade ao lado desse meu amor, dessa minha flor, dessa minha menina que me faz querer ser uma mulher melhor só para viver ao lado dela e ver, emoldurando o seu rosto, o sorriso mais bonito que existe no mundo.
E vou me manter de braços e peito aberto esperando mais sete anos, setenta anos, setecentos séculos. Agradecendo eternamente ao destino por tê-la colocado no meu caminho e agradecendo a ela, eternamente, por ter me devolvido a vida e a razão para sonhar.
Porque só nos seus braços, no seu abraço, no aconchego do seu corpo, meu amor, eu posso dormir em paz.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

A EXPECTATIVA É SÓ UMA DOR, NADA MAIS.



Há algum tempo a vida tem me mostrado que eu preciso diminuir, senão encerrar, as expectativas que tenho com relação às pessoas, todas elas. Uma sucessão de fatos e decepções tem me feito perceber que esperar reciprocidade é uma besteira, e porque não dizer, uma dor. A chance de alguém não ser o que você espera é muito maior do que a de ela atender as perspectivas que você construiu. E não acho que isso seja necessariamente um problema. O problema é só o sofrimento que tem me causado.
E vejo que a única forma para não sentir esse aperto no peito e esse fogo queimando por dentro é exterminar tudo o que eu penso sobre todo mundo e começar de novo, entendendo de uma vez por todas, que não devo esperar nada, absolutamente nada. Devo apenas ser grata a existência pelo que vier de bom e aceitar o que vier de ruim. Não tenho mais forças para tentar resgatar imagens que se afundam no lamaçal.
Vou fechar um ciclo grande muito em breve e sei que essa é a chance para definitivamente mudar isso em mim. Encerrar um ciclo e começar outro é uma oportunidade maravilhosa para fazer diferente, para respirar novos ares, abrir espaço para novas pessoas e deixar ir aquelas que não querem mais estar ao meu lado. E por mais que eu sei que vou me dilacerar por dentro por permitir essa ida, é preciso, é o que eu devo fazer.
Como diria Renato Russo: “Vai, se você precisa ir”, e vá em paz. Cada um tem um caminho a trilhar e sinto que esse rompimento conceitual, para mim, vai ser um passo enorme na estrada que estou caminhando. E sinto ainda que preciso deixar a porta aberta, escancarada para aqueles que virão, para aqueles que estão retornando e principalmente para aqueles que querem e irão permanecer. Eu espero, sinceramente, que toda essa dor dos últimos dias passe, que a ferida cicatrize, que o que for fardo seja deixado, para que a vida siga mais leve, mais tranqüila, mais bonita.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Nasci tarde demais



Às vezes eu fico pensando na vida e sinceramente acho que nasci tarde demais. Tarde demais para fazer diferente. Tarde demais para pensar algo novo. Tarde demais para surpreender. Tudo que vale realmente a pena já foi vivido, feito, inventado. Ouvi hoje em um documentário que o único momento digno da vida é o passado. Acho que foi Tom Zé que disse, com suas palavras, não com as que eu usei para repercutir agora. E o passado a que ele se refere ficou lá na década de 60, 70, 80, não mais que isso ou bem antes disso.
Nasci em 85, o que significa que a década em que posso afirmar que me alimentei de cultura foi à década de 90. E o que de interessante aconteceu na década de 90? Mais precisamente no seu fim? Digam-me, por favor, porque não me recordo de nada. Às vezes acho que nem sou tão boa jornalista, poeta, escritora, artista, como poderia ser por culpa do ano em que eu nasci. Sou quase capaz de afirmar que se no meu RG tivesse escrito, no campo da data de nascimento, 12 de março de 1975, eu seria um gênio qualquer.
E não pense que isso é uma pretensão ou uma prepotência ou uma arrogância. É só uma constatação simples e óbvia. Quem não viveu a tropicália, a jovem guarda, a bossa nova, o movimento hippie, não participou de Woodstock, não conviveu com Vinícius de Moraes, não estava presente no auge do rock nacional e internacional e não curtiu sequer o nascimento do Manguebit, pode ser o que nessa vida, em seu sentido cultural? Nada e ninguém. Ou só um alguém que remexe no passado procurando algum sentido que não encontra no presente.
Não há mesmo sentido algum no presente. Não há sentido na era da tecnologia. Não há sentido na modernidade, na contemporaneidade, na atualidade, muito menos na globalização. Não há sentido nesses fragmentos culturais que pincelamos por aí, que surgem e se acabam antes mesmo de ter surgido, porque ninguém mais entende de movimentos, manifestos, revolução, novidade, criação. Não há sentido sequer nos textos que faço, nas poesias que acho que escrevo e nos rabiscos sem criatividade nenhuma, sem novidade nenhuma, sem atrativo nenhum, que pretendo, um dia, talvez, chamar de livro. É uma afronta ao passado.
Esse passado tão rico, tão cheio, tão profundo, que não nos deixou nada para descobrir, inventar, explorar. Esse passado de tanto talento, dom, magnitude. Esse passado tão cheio de si, de glória, de homens e mulheres que se encontravam com o que levavam por dentro de si mesmos. Hoje em dia somos só perda de tempo. Só seres estranhos e perdidos. Só tentativas fracassadas de autenticidade, facilmente desbancada por qualquer busca supérflua pelo passado.
Somos só sombra, sem água fresca, sem frescor. E acho que o melhor que podemos fazer é nos contentar e aplaudir. Talvez imaginar que um dia estivemos ali ou tentar, ainda que sem sucesso, sugar desse mel de passado que temos guardado no peito, nas gavetas, nas fitas antigas e nas fotos desbotadas e amareladas. Mas ainda afirmo, o mundo seria outro se eu tivesse nascido, pelo menos, dez anos antes.  


Eis o documentário que me inspirou a fazer esse texto.


segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

INTUIÇÃO



Sempre segui o meu sexto sentido, embora, na maioria das vezes, tenha agido achando que não era a minha intuição que comandava. Essa parceira nunca gritou nos meus ouvidos. Sempre foi sutil, embora, do seu jeito, movimente cada átomo do meu ser quando atua. E atuando ela ordena, sem ser grosseira. Me faz caminhar pela estrada que considera a certa e, por mais que eu seja uma pessoa indecisa, depois de escolher, muito ou pouco tempo depois, percebo que ela me fez fazer o que realmente era melhor pra mim, e mais do que pra mim, pro mundo.
Tem momentos que reluto. Me pego achando que o sexto sentido anda falho. Ou apenas me sinto sem fé. Mas no fundo sempre soube que mais da metade de mim está conectado com algo imaterial, abstrato, impalpável. E este algo me faz ter uma certeza estranha de que os passos que dou, as coisas que penso, o modo como ajo está de acordo com a minha missão, meu destino. Até os erros me caem bem, porque entendo e aceito que deveria errar.
E por mais que geralmente as pessoas não compreendam minhas atitudes, minhas negações ou até mesmo minhas rejeições, o que importa, no fim das contas, é que faz sentido para mim, pro que acredito, pro que almejo. Cada não vai virar um sim, o dia que tiver que ser. Cada distância vai ser abraço, se tiver que ser. Cada adeus vai virar um oi, se assim estiver escrito. E o mais legal de tudo isso é que só percebo a lógica bem depois. Minha intuição me permite ser espectadora, do tipo que vislumbra a sequência das cenas sem tê-las visto.
Às vezes me sinto incomodada com o que faço porque aquele pedacinho de mim que precisa do concreto fala mais alto. Aquele tiquinho de racionalidade que tenho teima em aflorar em momentos que eu só deveria deixar fluir, deixar a vida seguir o curso que precisa. Mas ainda bem que há um pedação da minha alma que ocupa os maiores espaços da minha mente e do meu coração e me dão de presente, muito tempo depois, a descoberta de que a decisão que eu não entendia, foi tomada, mesmo que a contra gosto, para permitir que os planos sejam cumpridos. E eu só posso ser grata por me deixar ser guiada por essa inteligência maior que chamamos de intuição e que as mulheres, principalmente as piscianas, conhecem muito bem.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

É uma crise, eu sei.



Cheguei à conclusão de que estou passando por mais uma crise. E nesta altura da vida já entendi que é bem melhor encarar esse momento de frente, do que fingir que nada está acontecendo. Quando ignoramos o que sentimos, perdemos a chance de analisar, vivenciar a situação e tirar dela o aprendizado necessário para continuar caminhando. Passar por uma crise é uma incrível maneira de crescer.
Percebi que alguns motivos têm que me feito entrar no meu casulo. O mundo externo tem me perturbado. Pessoas importantes estão indo embora e o apego a elas talvez seja a batalha mais dura e difícil que devo enfrentar. E embora eu saiba que no final vai ficar tudo bem, que eu vou superar como sempre superei todos os meus conflitos, uma tristeza invade a minha alma, dizendo que, mesmo aprendendo a conviver com a distância e conseguindo o desapego, uma dor vai continuar existindo e, de vez em quando, ela vai latejar, incomodar, me fazer lembrar.
Não que isso seja realmente um problema. Conviver com a dor é algo que aprendi desde muito pequena. Com a saudade, a distância e a ausência também. O que ainda não aprendi é a conviver com essa pessoa que sou agora. Alguém de olhar vago, perdido. Alguém de mãos cansadas e estáticas. De sentimentos mornos, ínfimos, quase ausentes por cada vez mais estar voltada para dentro.
O meu medo é não chorar, não descabelar, não fazer um drama. Meu medo é deixar pra lá, esquecer, sentir que “tanto faz”. Meu medo é de não sofrer, não querer, não me permitir. E talvez essa crise tenha como resultado tudo que tenho medo. E eu sei que nada posso fazer para parar esse processo. Devo passar por isso e vou passar de cabeça erguida, como sempre fiz. Que venham todos os conflitos. Estou pronta. Resta saber se o mundo vai estar pronto para mim quando acabar.

sábado, 12 de janeiro de 2013

O equilíbrio em ser fria



Tenho escutado repetidamente que sou um ser humano frio. E ultimamente prefiro pensar sobre o que ouço das pessoas, antes de retrucar afirmando que elas estão erradas. Até porque entendo que, muitas vezes, o que os outros vêem de nós faz mais jus ao que somos de verdade do que o que nós mesmos podemos enxergar. E partindo desse princípio, venho refletindo sobre a minha provável frieza.
Cheguei à conclusão de que, de certa forma, tenho sido cada vez mais racional. E ser racional para alguém nascido em peixes é algo incoerente, é como nadar contra sua própria natureza. Talvez a proximidade dos 28 anos, e com isso a influência cada vez maior do meu ascendente, aquário, seja a resposta para essas mudanças. Mas acho que a interferência dos signos é só um pedacinho da montanha de alterações que tem ocorrido comigo.
E por mais que soe estranho, principalmente para alguém que adorava as próprias emoções que sempre se sobressaíram na personalidade, ser mais racional tem me deixado tranqüila. Tranqüilidade para quem sempre viveu em meio a um furacão de sentimentos é uma benção. Por mais que eu tenha consciência de que essa tranqüilidade traz consigo o preço alto da distância das pessoas que eu amo, ainda assim é uma necessidade para alcançar o equilíbrio que tanto almejo.
E porque eu preciso de equilíbrio? Porque sempre fui transtornada demais. Intensa demais. Impulsiva demais com relação às reações emocionais que tenho quando sinto algo por alguém. E ser assim já me machucou bastante. Confesso que coloquei algumas armaduras. E essas armas me deixaram dura mesmo, fria, como a intenção existente na palavra em si, embora ainda sinta que pelo menos não perdi minha sensibilidade. Está difícil para entender? Para mim também. Nem sempre tudo que penso, sinto ou faço tem algum sentido.
Só sei que cada dia que passa a vida me dá mais motivo para caminhar nessa direção. Me mostra que o desapego é essencial para não sofrer, porque as pessoas vem e vão, sem me questionar se eu quero, ou preciso que elas fiquem. Cada dia que passa entendo mais que só posso contar, de verdade, comigo mesma. Não que eu me considere auto-suficiente. Não é nada disso. Eu só tento me resolver sozinha o máximo que posso. É só uma prevenção.
É uma pena que todo esse entendimento esteja me tornando uma pessoa fria. Nunca pensei que isso pudesse acontecer. Só espero que as pessoas respeitem esse meu novo jeito de ser e entendam que, por mais que eu não tenha reações que demonstrem o meu amor e o quanto me importo com elas, eu as amo e me importo até mais do que me importo comigo mesma. E estou aqui muito mais por elas, do que por mim. Porque embora essa busca por equilíbrio me afaste, ela também faz com que eu seja uma pessoa melhor pro mundo.