quarta-feira, 13 de março de 2013

Volta logo pro meu colo



A dor da ausência é quase inexplicável.  Saudade é uma palavra que criamos para tentar expor o que se passa por dentro, mas às vezes acho que ela não contempla todo o sentimento. O quanto dói agora é muito mais do que só sentir saudade. Porque só sentir saudade é quase algo bom e definitivamente não há bondade nesse mundo que arranque do meu peito e tire da minha garganta esse aperto que me sufoca e me deixa sem ar. É um sentimento maior que chorar, maior que perder, maior que qualquer distância que possa existir.
É um soluço que não pára com água. É um sorriso que não é, nem de longe, feliz. É uma tosse que não é física. Mas o que é então? É o preço que se paga por se permitir amar tanto alguém, sem condições, interesses, sem motivos, sem esperar nada em troca. É o preço que se paga por dar a sua vida pro outro. Por se preocupar mais com alguém do que consigo mesmo. É o preço que se paga por querer bem demais, mais até do que a capacidade humana (exceto a capacidade materna) consegue querer bem a alguém.
É tudo tão incerto agora. Ontem você tava por aqui, ocupando todos os espaços da casa, deixando seu rastro por onde passava, dando um sorriso ali, uma birra acolá. Hoje é o silêncio que impera e machuca mais os meus ouvidos do que qualquer grito histérico seu. E o que mais me faz sofrer não é o egoísmo de querer a sua presença; é não saber o que se passa com você na sua ausência. É aquela preocupação latente e incessante. É aquela vontade maior que tudo de saber como você está, como vai a sua vida.
Mais uma vez me pego pensando na letra de Roberto Carlos como trilha sonora. Eu preciso saber da sua vida. Peça alguém pra me contar sobre o seu dia. Eu só preciso saber como vai você, se está comendo direito, tomando banho, indo pra escola, assistindo seu desenho favorito. Se alguém está te contando história para dormir, embora você quase nunca tenha dormido comigo. Se alguém está jogando bola com você, embora quase nunca fosse ao meu lado que você jogava. Se alguém está brincando de esconder embaixo do cobertor, embora eu saiba que poucas vezes eu estava ali, do seu lado.
Eu sei que não saiu das minhas entranhas, que não fui eu que gerei, amamentei, dei a luz. E eu sei também que isso faz a maioria das pessoas não entender o meu amor, a minha preocupação, o espaço que você ocupa na minha vida e dentro de mim. Confesso que nem eu entendo direito, que seria mais fácil se você fosse só um parente a mais. Mas o fato é que nunca amei ninguém tanto quanto amo você e a sua ausência é uma dor que eu ainda não estou acostumada. Tantas outras já se tornaram amigas e doem devagar. Dessa eu não sei o que esperar. Talvez espere crescimento e aceitação, porque impotente demais eu sou pra tentar qualquer outra coisa.

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