Estou ouvindo músicas do Só Pra
Contrariar, banda que eu adorava quando era adolescente e que depois resolvi
classificar como brega para que não tirasse de mim aquele status imaginário de
alguém culto, que prefere letras profundas e nada superficiais. Me permitia, no
máximo, ouvir superficialidades alternativas, já que tudo que é alternativo
passou a ser considerado como “cult”. E é importante que já tenha refletido
sobre ser ou não superficial para que o uso dos conceitos seja feito com certa
clareza.
Não vejo mais problema em assumir que
gosto de pagode. Até dos melosos, da época em que eu tinha 14, 15, 16 anos. Os melosos
atuais são meio insuportáveis, porque falam de amores comuns, recheados de
dores de corno e definitivamente não gosto de nada que seja muito corriqueiro
ou que se utilize de dramas baratos. Os antigos, de 10 anos atrás também falam
desse tipo de amor, mas me lembram a adolescência, uma das melhores fases da
minha vida e de saudosismo, definitivamente, eu gosto muito.
Quando se é adolescente, pelo menos
no meu caso, se absorve o que está na moda quase que por osmose e se assume
esse gosto generalizado porque é preciso pertencer a um grupo, uma tribo, um
aglomerado de pessoas que te aceitem como você é, mesmo que “o como você é”
seja apenas uma criação necessária para não ser diferente. Eu queria fazer
parte do grupo, na verdade, de vários grupos diferentes, então desde que aprendi
o significado da palavra “eclética”, preguei esse rótulo em mim.
Com o passar do tempo fui afunilando
meus gostos de acordo com o grupo que era mais interessante. Se ser considerada
louca me agradava, era com os loucos que eu andava. E ouvia música Só Para
Loucos, caretas não. E me comportava com o máximo de extravagância possível,
porque os loucos não se importam. E por um tempo foi bom ser assim. Assumir uma
postura anti social, radical, anarquista, revoltada. É preciso ser rebelde
quando se é adolescente ou pré-adulto. Mas é preciso deixar de ser algum dia
para não cair no ridículo.
Depois assumi a minha fase gay e todo
meu discurso girava em torno disto. O arco íris era a minha bandeira. O lema
era: Se joga pintosa, põe rosa. E eu me joguei. Me joguei nas festas, nas amizades
restritas a esse grupo, as músicas de cantoras lésbicas da MPB, aos seriados de
TV com casais homo e aos lugares onde eu podia agarrar a minha namorada sem
nenhum pudor. E foi muito bom, libertador, essencial para o momento que estava
vivendo.
Acho que agora estou na fase: Projeto
30 anos. E isso começou quando resolvi mudar meu modo de viver, não quando
decidi fazer um blog. O começo do meu Projeto 30 anos foi o item: emagrecer é
preciso. E com caminhada, o acréscimo de legumes e verduras a alimentação, a
restrição as carnes, a redução no consumo de bebidas alcoólicas e do cigarro, e
o mais importante de tudo, a morte de muitos grilos, muitos quilos também se
foram e muitos mais irão no decorrer desse processo. Aos 30 quero estar no auge
da gostosura para fazer o book que não fiz aos 15 anos. É, essa é uma das
minhas grandes frustrações.
Mas o ponto mais importante desse
projeto é: olhar para dentro. E com esse novo direcionamento dos olhos, estou
conhecendo, descobrindo uma Alliny que tenho gostado bastante, principalmente
porque sou capaz de admirá-la. Essa parte de mim que estava escondida de mim
mesma é bem mais interessante, embora bem menos intensa, porque não está mais
na fase da loucura. Também não está na fase gay, latente, que respira a sigla
LGBT. Embora continue atuante quanto a defender os direitos dos homossexuais e
daqueles que tem uma sexualidade diferente dos padrões sociais aceitos.
A fase em que me encontro agora é de autoconhecimento,
reflexão, intimidade. E essa intimidade comigo me permite assumir também que
gosto de pagode e sertanejo, do tipo safadinho. Me permite discordar de
opiniões que antes não me atreveria, pelo pedestal em que colocava as pessoas
que as emitia. Me permite abrir mão de pensamentos generalizados para formar
meus próprios conceitos. E me permite, finalmente, fazer só o que EU realmente
quero, porque o que os outros querem, acham ou precisam, sinceramente não
importa.
Eu me permito ouvir Spice Girls até hoje, e se falarem que é ruim dá briga. Essa fase de reflexão e autoconhecimento vem chegando pra mim também, mesmo aos 23...Tanta coisa vai ficando para trás. Bandeira agora, não levanto mais nenhuma. Só torço, incessantemente, para que todas elas caiam ao chão e não hajam diferenças entre nós. Os quilinhos venho lutando também, e de todas as lutas essa é uma das mais sofridas hehe. Devemos nos permitir sempre!Parabéns pelo blog, e lembre-se que aos 30 vais ser bem melhor que aos 18, e isso nem Balzac poderia prever! BjO
ResponderExcluiroh meu amor, que saudade de vc... obrigado pelo comentário... eu tb adoro as spice girls... te adoro.
ResponderExcluirQue jornada interessante estás a fazer.. boa sorte! ;)
ResponderExcluirtá sendo incrivelmente enriquecedora mesmo =D
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPra ser feliz tem de ser louco e gostar do q te convem ;)
ResponderExcluireu gosto de vc... vc me convém... =D
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