terça-feira, 11 de setembro de 2012

EU ME PERMITO




Estou ouvindo músicas do Só Pra Contrariar, banda que eu adorava quando era adolescente e que depois resolvi classificar como brega para que não tirasse de mim aquele status imaginário de alguém culto, que prefere letras profundas e nada superficiais. Me permitia, no máximo, ouvir superficialidades alternativas, já que tudo que é alternativo passou a ser considerado como “cult”. E é importante que já tenha refletido sobre ser ou não superficial para que o uso dos conceitos seja feito com certa clareza.
Não vejo mais problema em assumir que gosto de pagode. Até dos melosos, da época em que eu tinha 14, 15, 16 anos. Os melosos atuais são meio insuportáveis, porque falam de amores comuns, recheados de dores de corno e definitivamente não gosto de nada que seja muito corriqueiro ou que se utilize de dramas baratos. Os antigos, de 10 anos atrás também falam desse tipo de amor, mas me lembram a adolescência, uma das melhores fases da minha vida e de saudosismo, definitivamente, eu gosto muito.
Quando se é adolescente, pelo menos no meu caso, se absorve o que está na moda quase que por osmose e se assume esse gosto generalizado porque é preciso pertencer a um grupo, uma tribo, um aglomerado de pessoas que te aceitem como você é, mesmo que “o como você é” seja apenas uma criação necessária para não ser diferente. Eu queria fazer parte do grupo, na verdade, de vários grupos diferentes, então desde que aprendi o significado da palavra “eclética”, preguei esse rótulo em mim.
Com o passar do tempo fui afunilando meus gostos de acordo com o grupo que era mais interessante. Se ser considerada louca me agradava, era com os loucos que eu andava. E ouvia música Só Para Loucos, caretas não. E me comportava com o máximo de extravagância possível, porque os loucos não se importam. E por um tempo foi bom ser assim. Assumir uma postura anti social, radical, anarquista, revoltada. É preciso ser rebelde quando se é adolescente ou pré-adulto. Mas é preciso deixar de ser algum dia para não cair no ridículo.
Depois assumi a minha fase gay e todo meu discurso girava em torno disto. O arco íris era a minha bandeira. O lema era: Se joga pintosa, põe rosa. E eu me joguei. Me joguei nas festas, nas amizades restritas a esse grupo, as músicas de cantoras lésbicas da MPB, aos seriados de TV com casais homo e aos lugares onde eu podia agarrar a minha namorada sem nenhum pudor. E foi muito bom, libertador, essencial para o momento que estava vivendo.
Acho que agora estou na fase: Projeto 30 anos. E isso começou quando resolvi mudar meu modo de viver, não quando decidi fazer um blog. O começo do meu Projeto 30 anos foi o item: emagrecer é preciso. E com caminhada, o acréscimo de legumes e verduras a alimentação, a restrição as carnes, a redução no consumo de bebidas alcoólicas e do cigarro, e o mais importante de tudo, a morte de muitos grilos, muitos quilos também se foram e muitos mais irão no decorrer desse processo. Aos 30 quero estar no auge da gostosura para fazer o book que não fiz aos 15 anos. É, essa é uma das minhas grandes frustrações.
Mas o ponto mais importante desse projeto é: olhar para dentro. E com esse novo direcionamento dos olhos, estou conhecendo, descobrindo uma Alliny que tenho gostado bastante, principalmente porque sou capaz de admirá-la. Essa parte de mim que estava escondida de mim mesma é bem mais interessante, embora bem menos intensa, porque não está mais na fase da loucura. Também não está na fase gay, latente, que respira a sigla LGBT. Embora continue atuante quanto a defender os direitos dos homossexuais e daqueles que tem uma sexualidade diferente dos padrões sociais aceitos.
A fase em que me encontro agora é de autoconhecimento, reflexão, intimidade. E essa intimidade comigo me permite assumir também que gosto de pagode e sertanejo, do tipo safadinho. Me permite discordar de opiniões que antes não me atreveria, pelo pedestal em que colocava as pessoas que as emitia. Me permite abrir mão de pensamentos generalizados para formar meus próprios conceitos. E me permite, finalmente, fazer só o que EU realmente quero, porque o que os outros querem, acham ou precisam, sinceramente não importa.

7 comentários:

  1. Eu me permito ouvir Spice Girls até hoje, e se falarem que é ruim dá briga. Essa fase de reflexão e autoconhecimento vem chegando pra mim também, mesmo aos 23...Tanta coisa vai ficando para trás. Bandeira agora, não levanto mais nenhuma. Só torço, incessantemente, para que todas elas caiam ao chão e não hajam diferenças entre nós. Os quilinhos venho lutando também, e de todas as lutas essa é uma das mais sofridas hehe. Devemos nos permitir sempre!Parabéns pelo blog, e lembre-se que aos 30 vais ser bem melhor que aos 18, e isso nem Balzac poderia prever! BjO

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  2. oh meu amor, que saudade de vc... obrigado pelo comentário... eu tb adoro as spice girls... te adoro.

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  3. Que jornada interessante estás a fazer.. boa sorte! ;)

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  4. tá sendo incrivelmente enriquecedora mesmo =D

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Pra ser feliz tem de ser louco e gostar do q te convem ;)

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  7. eu gosto de vc... vc me convém... =D

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