Toda essa semana vem sendo um
aprendizado. Todos os dias que já se passaram me deixaram marcas e reflexões
profundas. Talvez seja essa energia de ensinamento que tem me deixado melancólica.
E melancolia nesse caso não tem o significado que tinha antes. Antes, estar
melancólica era algo muito ligado a uma tristeza profunda, enraizada, latente.
Hoje, a melancolia é só um traço da minha personalidade que aceito, entendo e
respeito.
Na segunda feira aprendi a melhor
maneira de receber um abraço, vindo de alguém que chorava compulsivamente por
ter perdido um ente querido. Esse abraço me fez perceber que eu preciso me
entregar mais. É ontem ouvi que estou um tanto fria e tive que concordar. Meu escudo
contra um apego desmedido às pessoas é certo distanciamento. Não de corpo, mais
de carinhos, contatos além dos físicos. E por mais que eu não queira de verdade,
é o que me parece que deve ser feito. Isso não diminui meu amor e minha
preocupação. Só atenua a falta que elas podem me fazer. Essa falta, a saudade,
sempre foi o motivo das maiores dores.
Também entendi um pouco mais sobre
compreensão e o fato de se colocar no lugar do outro. Abrir mão do que se
precisa porque o outro precisa mais. Essa lição para mim é um gesto de caridade
imenso. E refletindo sobre caridade, comecei a entender as diversas maneiras
que temos para fazer o bem a alguém. E eu recebi bens enormes esses dias, que
não há nada de material que pague, que se assemelhe ou que substitua. Só posso
agradecer.
Até mesmo as conversas difíceis da
semana e as conclusões doloridas foram importantes. Percebi finalmente que
quando amamos alguém de verdade, não é preciso reciprocidade. O amor vai
continuar ali mesmo que não haja uma troca ou que o que ele receba de volta
seja de outra maneira, outra intensidade, outro nível. E conseguir sentir amor
é a maior dádiva que alguém pode receber. Por isso me sinto honrada por
entender finalmente o que é querer ver a felicidade de alguém
desinteressadamente.
No fim das contas e no fim do texto,
acho até que o mundo pode acabar, pelo menos o meu. Essa existência tem me
transformado tanto. Abrindo meus olhos, endireitando meu caminho, moldando meus
conceitos. Sou melhor, muito melhor do que já fui um dia e tenho muito orgulho
disso. Um orgulho humilde, que entende que ainda há muito para saber, pra
reformar em mim, pra consertar no meu caráter. Mas a obra está em andamento,
finalmente. E agora não deixo mais
passar uma oportunidade sequer de fazer os meus reparos.
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