Sempre segui o meu sexto sentido,
embora, na maioria das vezes, tenha agido achando que não era a minha intuição
que comandava. Essa parceira nunca gritou nos meus ouvidos. Sempre foi sutil,
embora, do seu jeito, movimente cada átomo do meu ser quando atua. E atuando
ela ordena, sem ser grosseira. Me faz caminhar pela estrada que considera a
certa e, por mais que eu seja uma pessoa indecisa, depois de escolher, muito ou
pouco tempo depois, percebo que ela me fez fazer o que realmente era melhor pra
mim, e mais do que pra mim, pro mundo.
Tem momentos que reluto. Me pego
achando que o sexto sentido anda falho. Ou apenas me sinto sem fé. Mas no fundo
sempre soube que mais da metade de mim está conectado com algo imaterial,
abstrato, impalpável. E este algo me faz ter uma certeza estranha de que os
passos que dou, as coisas que penso, o modo como ajo está de acordo com a minha
missão, meu destino. Até os erros me caem bem, porque entendo e aceito que
deveria errar.
E por mais que geralmente as pessoas
não compreendam minhas atitudes, minhas negações ou até mesmo minhas rejeições,
o que importa, no fim das contas, é que faz sentido para mim, pro que acredito,
pro que almejo. Cada não vai virar um sim, o dia que tiver que ser. Cada distância
vai ser abraço, se tiver que ser. Cada adeus vai virar um oi, se assim estiver
escrito. E o mais legal de tudo isso é que só percebo a lógica bem depois. Minha
intuição me permite ser espectadora, do tipo que vislumbra a sequência das
cenas sem tê-las visto.
Às vezes me sinto incomodada com o
que faço porque aquele pedacinho de mim que precisa do concreto fala mais alto.
Aquele tiquinho de racionalidade que tenho teima em aflorar em momentos que eu
só deveria deixar fluir, deixar a vida seguir o curso que precisa. Mas ainda
bem que há um pedação da minha alma que ocupa os maiores espaços da minha mente
e do meu coração e me dão de presente, muito tempo depois, a descoberta de que
a decisão que eu não entendia, foi tomada, mesmo que a contra gosto, para
permitir que os planos sejam cumpridos. E eu só posso ser grata por me deixar
ser guiada por essa inteligência maior que chamamos de intuição e que as
mulheres, principalmente as piscianas, conhecem muito bem.