Eu amo um bocado de gente que não
reconhece e muito menos consegue retribuir esse amor. Que é cega demais para
notar o próprio egoísmo. Ou que é desumana demais para entender os momentos em
que eu preciso de afeto, abraço, colo, e um bocado de carinho maior do que esse
bocado de gente. E ontem doeu perceber que esse é o caminho que eu tenho que
percorrer. É preciso aprender que não importa se alguém pode ou quer retribuir
o amor que você destina a ela. Esse amor deve continuar existindo, crescendo e
compreendendo que só é sincero quando não há NENHUM tipo de cobrança.
Mas eu sou um ser humano e na maioria
das vezes é difícil demais tentar sentir algo tão puro e limpo. É um processo
doloroso, como tantos outros, de muito tormento, decepção, mágoa, raiva,
incompreensão e medo. Medo de no fim de tudo ter a certeza (que no fundo já se
tem) que é impossível ser feliz sozinho, mas a tristeza não pode ser vivida em
grupo. Medo de viver o que, de fato, já estou vivendo: um afastamento coletivo
de tantas pessoas importantes, vitais, necessárias para alicerçar os meus dias.
Eu ainda não sei o que vou aprender
com isso tudo. Eu não sei onde essa dor vai parar, quando vai parar, se um dia
vai parar. Eu não sei quando vou conseguir passar essa etapa, enfrentar esse
processo de cabeça erguida e sair dele mais pura e melhor do que entrei. Eu só
sei que é preciso, porque não tenho forças ou argumentos para mudar isso, para
fingir que nada está acontecendo e que tudo está como era antes. Não está. E é
preciso aceitar que nunca mais vai ficar.
Eu já perdi esses abraços, os
sorrisos, as ligações intermináveis, o aconchego das palavras, os conselhos e o
cheirinho. Eu não sou importante como achei que fosse, nem sou necessária para
essas pessoas como elas são na minha vida. Mas hoje vejo que eu nem queria que
a importância fosse equivalente. Eu só pedia um pouquinho de atenção de vez em
quando. Mas nem isso tenho mais. Eu não tenho nada em troca e mesmo sem nada
para alimentar, é incrível como o amor só cresce, ocupando todos os espaços do
meu peito, do meu corpo, da minha alma, até o ponto de quase explodir por não
caber dentro de mim.
Mas Deus, embora eu reconheça que
estou um tantinho mais forte do que era antes, está difícil carregar esse fardo.
Meus braços não agüentam. A cabeça está cansada e o coração anda espremido
demais, pequenininho, choroso. Eu preciso de ajuda Pai. Eu preciso pegar na sua
mão.